escala hawkins

O grande obstáculo ao desenvolvimento do homem é sua ignorância sobre a natureza da sua consciência. Vivemos a ilusão de termos o controle sobre nossas ações e de que tudo decorre de nossas decisões e ações, quando na realidade, somos dominados por forças que não conhecemos e das quais não nos damos conta. Passamos nossa existência perdidos, sem nos darmos conta, repetindo padrões guiados pelo inconsciente e carregando em nossa bagagem as mesmas questões sem resposta (quem somos?, por que estamos aqui?, para onde seguimos?).

Nossa consciência, nossas emoções, nossos níveis de energia e de vibração estão diretamente relacionados entre si. O nível de consciência é o estado em que o indivíduo se encontra de acordo com suas tomadas de decisões, seu padrão de comportamento e o quanto isso é influenciado por emoções mais efêmeras.

O médico psiquiatra norte-americano David Hawkins* (1927-2012) dedicou a maior parte de sua vida a pesquisar justamente a relação das emoções com os níveis de consciência e a desenvolver uma maneira de medir e qualificar energeticamente esses níveis, que permitisse enxergar os seres humanos de acordo com o estágio em que cada um se encontra. Baseou-se na premissa de que a percepção de realidade de cada indivíduo está intimamente ligada ao nível de consciência em que ele se encontra. Assim, as ideias, emoções, ações e vibração correspondem ao nível consciencial de cada um.

Nosso subconsciente (ou inconsciente) é uma parte da consciência onde se armazenam nossas recordações e questões emocionais, além de ações fisiológicas (respiração, digestão e metabolismo). Está ligado também ao universo exterior numa conexão com o chamado inconsciente coletivo – experiências universais, vividas em nossa ancestralidade e comuns a todos os seres humanos, que não são acessadas pela nossa mente consciente, mas que "escapam" quando ela não está vigilante (durante o sono, por exemplo), podendo influenciar nosso comportamento.

Em suas pesquisas, Hawkins usou técnicas simples da Cinesiologia – ciência que estuda os movimentos do corpo humano – para acessar diretamente o subconsciente sem o filtro do Ego/consciente. Seu trabalho focou os níveis de consciência em valores essenciais para o ser humano, como a Integridade e a Verdade. A partir deles, traçou uma escala do que seria o nível mais primitivo ao mais iluminado da consciência humana.

Neste gráfico, o resultado desse longo estudo. Os níveis e suas frequências em Hertz, numa escala logarítmica de dez (por exemplo, se o logaritmo de 2 é igual a 100, o logaritmo de 4 é 10.000). Isso porque Hawkins percebeu que os níveis de consciência mais elevados são muito mais poderosos do que aqueles mais abaixo, numa relação muito maior do que a simples multiplicação.

Nesse raciocínio, concluiu que o nível de consciência em 200 Hz é o limite aceitável para o planeta sustentar-se sem se autodestruir. Chamou-o de limite crítico. Abaixo disso, estão os sentimentos dominados pelos baixos instintos, onde a subsistência é que move o ser humano. A partir de 200 Hz, o indivíduo já possui uma noção da realidade e não se deixa levar tão facilmente pelas emoções, abrindo espaço para o amor e a empatia. Na Terra, 85% dos habitantes se encontram na faixa pesada e negativa abaixo do limite crítico. Isso só não configura um desastre total porque a força da consciência dos 15% restantes acima do 200 Hz consegue compensar toda a negatividade dessa grande maioria (isso explica o cálculo logarítmico usado).

Para ele, o maior desafio para alcançar um elevado estado de consciência é ultrapassar o nível da razão, regida pela mente (400 Hz). Este que reflete as democracias contemporâneas, baseadas em sistemas e realizações científicas. Para ultrapassar esse contexto dual, é necessária a transição para o nível do amor (500 Hz), o que provocaria uma mudança de paradigma e consequentemente uma sociedade mais humana e fraterna.

A partir do 500, o princípio de causalidade dá lugar a uma percepção profunda, não dual e nem linear. Acima da faixa de 500 Hz, na subdivisão 540, está o início do nível de consciência relacionado ao amor incondicional e ao estado de alegria. A partir de 600 está a paz e de 700, a iluminação. Já o nível 1000 é o da consciência dos grandes avatares da humanidade, como Jesus, Buda e Krishna.

O trabalho de Hawkins nos coloca diante de um quadro bastante dramático e ao mesmo tempo muito explicativo sobre as razões que nos trouxeram à situação em que chegou a nossa relação com o planeta (e entre os próprios seres humanos). Mostra também que a saída está na origem de todos os problemas, nós.

Uma coisa importante, que precisamos ter bem claro na nossa mente, é que antes de qualquer julgamento sobre quem está mais abaixo na escala vibratória (adoramos julgar os outros), é preciso lembrar que a visão de mundo de cada pessoa está de acordo com o nível de consciência que ela ocupa. Aquele que se encontra no chão não tem condições de ver o horizonte da mesma forma daquele que está no topo de um edifício. O melhor que podemos fazer, por nós e pelo planeta, é procurar subir o maior número de andares possível deste edifício. E por lá ficarmos, apontando o caminho para quantos pudermos.

FREQUÊNCIAS, EMOÇÕES E VISÃO DE VIDA NA ESCALA DE HAWKINS

Os níveis de consciência com suas frequências e seus correspondentes

Vergonha – o fundo do poço da consciência humana, com o menor nível de vibração. Uma pessoa nesse estado não toma decisões, não consegue interagir e não vive experiências que lhe proporcionem um aprendizado e uma visão de mundo. Num nível mais sutil se apresenta como uma timidez e, no outro extremo, numa tendência a autodestruição e a um extremado ódio pessoal.

Culpa – aqui pessoa é incapaz de criar e se sente vítima, culpando a tudo e a todos pelo seu fracasso. Dificilmente tenta realizar algo novo, ficando presa à recordações de culpas passadas. Se sente transgressor, pecador, mas não é capaz de encarar os próprios erros que o levaram a esse estado.

Apatia – estado de vitimização e desesperança. A pessoa se vê paralisada diante das circunstâncias da vida, e muitas vezes acaba se acomodando a isso.

Tristeza – sentimento de enorme perda nunca compensada, uma tristeza sem fim. Depressão. Quem se encontra nesse nível sofre bastante. Paradoxalmente, esse sofrimento e tristeza muitas vezes serve para mobilizar a pessoa para buscar uma saída para essa situação, saindo da apatia paralisante.

Medo – a pessoa vive sob constante preocupação e receio da realidade que vive. O mundo é algo perigoso e inseguro. Aqui cabem os diferentes tipos de medo, inclusive o medo da rejeição, da não aceitação. O medo é um sentimento que atinge a todos, e superá-lo é bastante difícil. Mas é preciso aprender a lidar com ele.

Desejo – materialismo e consumismo. Quem vive nesse estado busca a satisfação em objetos, com o poder, busca aprovação. A felicidade está em possuir, e quando isso não acontece pode-se chegar ao desespero. Muitos têm seu bem-estar emocional totalmente atrelado àquilo que possuem.

Raiva – frustração extrema por não conseguir ter suas vontades realizadas. Muitas vezes essas vontades estão ligadas a desejos baixos, o que liga esse estado de consciência à vergonha e à culpa, num triângulo vibratório muito ruim. Aqui, a pessoa só encontra motivação ao eleger um inimigo imaginário para depositar a sua raiva e ódio. Muitas vezes essa motivação acaba levando à resultados mais elevados, mas quando isso não acontece, ela pode ficar mais enredada ainda em sua vibração baixa, num movimento de retrocesso para níveis de consciência piores.

Orgulho – estado irracional de negação e defesa. É o nível onde se encontra a grande parte da humanidade, totalmente dependente de fatores externos (poder, dinheiro, força) e, por isso mesmo, muito vulnerável. predominam sentimentos como cobiça e intolerância, não havendo espaço para diferenças (seja de ideias, raças, culturas...).

Coragem – o indivíduo começa a dar seus primeiros passos na direção de um entendimento mais otimista da vida, começando a encará-la como um desafio e não apenas como um fardo pesado. O medo e o sofrimento ficam em segundo plano e há uma compreensão diferente sobre a responsabilidade de seus próprios atos. Aqui já não cabe mais o papel de vítima e o olhar passa a ser mais amplo, para além de seu próprio umbigo. É o começo do despertar espiritual.

Neutralidade – a pessoa se sente segura e confortável, convivendo sem problemas com os demais. Não tem necessidade de aprovação e sua posição se mantém independentemente do que aconteça. Sabe quais são suas necessidades e procura minimamente cuidar disso. É o "viva e deixe viver".

Boa vontade – caracteriza-se por ser o nível onde a consciência se torna mais organizada e disciplinada e a energia começa a ser empregada de maneira mais eficiente. Aqui há muito trabalho, pouca reclamação e bastante competência.

Aceitação – nesse estado começa a verdadeira mudança, com um entendimento maior dos processos da vida ao mesmo tempo em que velhos dogmas vão ficando pelo caminho. Surge a necessidade de um propósito e de se viver proativamente. É quando a pessoa começa a ver mais claramente seu papel no mundo e o aceita.

Razão – é o momento de começar a pensar mais racional e claramente. É o nível dos mestres, dos realmente desapegados, que definitivamente deixaram para trás a desesperança, desilusão e sofrimento dos níveis mais baixos. Aceita-se o mundo e sua realidade com um olhar transformador.

Amor – é o amor incondicional, onde o indivíduo se coloca inteiramente a serviço da humanidade, guiado pelo coração e não por suas emoções. Sua intuição expande e ele se sente levado por uma força maior do que ele próprio. Segundo Hawkins, apenas 0,0001% da população do mundo vive nesse estado.

Alegria – estado de total e inabalável felicidade, onde se encara o mundo como ele é e se diverte com isso. Início do verdadeiro desapego com a vida, levada completamente pela intuição e onde nada acontece por acaso. Não há mais necessidade de planejamento ou eleger metas, pois a consciência trabalha em um nível muito mais elevado.

Paz – Transcendência total e absoluta. Para Hawkins, somente uma pessoa em 10 milhões alcança esse estado.

Iluminação – onde o homem se confunde com a divindade. Não há mais ego ou o eu individual. É a união com o que há de mais elevado, quando o ser humano transcende sua condição e se aproxima da força criadora.

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*David R. Hawkins (1927-2012) – médico psiquiatra norte-americano, autor de "Poder vs Força – Uma Anatomia da Consciência Humana", "Poder vs Força – Os Determinantes Escondidos no Comportamento Humano" e "Deixar Ir – O caminho do Desapego", entre outros. Foi diretor médico do Centro de Saúde Mental North Nassau (1956–1980) e diretor de pesquisa do Brunswick Hospital (1968–1979) em Long Island/EUA. Dedicou anos de pesquisa sobre o desenvolvimento da consciência humana, tornando-se mundialmente conhecido com seu Mapa da Consciência© (Escala de Hawkins). O reconhecimento de seu trabalho o levou a palestras e apresentações, inclusive em talk shows na TV.

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